Retrato antigo
quando eu ia ver célia em sua casa perto do campo do
mogiana, no bairro cheio de flamboyants e de um calor que lembrava a
araraquara de ignacio loyola brandão, na
cidade que já era um ovo para as ambições de minha real primeira namorada, passava,
lembrando outras cidades e outros contextos, um rapaz de bicicleta gritando
para nós no portão: jesus te ama! só isso, era a consigna dos pirados de jesus,
serena tribo franciscana que não precisava ler revelações do apocalipse como
hoje se lê, entre tantos absurdos que se julgam necessários para encarar a dor
diária. jesus te ama bastava, a célia gostava e sorria, eu gostava também, mas
hoje é só um retrato antigo, mesmo naqueles dias eu sentia a impermanência de
minha situação no mundo e me afligia.
Igor Zanoni
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