o rapazinho estava sentado de cócoras, contra o fundo
devastado de uma cidade na guerra síria, a câmera pegou bem seu olhar tenso na
foto para a ACNUR. na verdade ele era só um menino, um dos bilhões de crianças
do mundo, a maioria da humanidade. poderia ser uma das crianças que como ele
sofrem na guerra de baixa intensidade que promete se tornar incontrolável nas
grandes cidades e no campo no Brasil, ou uma das crianças que como ele demandam
um auxílio anônimo e urgente no Congo, no Bangladesh e em muitos outros
lugares. mas poderia também ser uma dessas meninas e meninos que correm no meu bairro, em volta das mães,
sorrindo na calçada meio estropiada. poderia ser eu mesmo, em outra época, no
meu passado ou no seu futuro, pois eu me identifiquei com o garoto sério que na
fotografia da ACNUR me olhava.
Igor Zanoni
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