os textos que compõem a Bíblia foram escritos ao longo
de muitos séculos, e cobrem acontecimentos lidos à luz da fé do povo israelita
que se iniciam na pré-história até o primeiro século depois de Cristo. são
textos que demandam um aparato crítico rigoroso e denso; os estudiosos da
Bíblia são versados em literatura antiga, várias línguas mortas e modernas,
muitos foram arqueólogos, conhecem também sociologia, história e outras áreas.
é deslumbrante perceber o rigor e a erudição de muitos e muitos desses
estudiosos. ler esses textos sem perceber sua enorme dificuldade e riqueza
equivale a fazer uma leitura rasa, fundamentalista, que só empobrece a
religiosidade dos que se inspiram neles. a Bíblia é um documento importante
sobre a história e o pensamento do Crescente Fértil, mas em si não é um texto
mais religiosamente válido que o Corão ou o Bhagavad Gita. além disso, sua
leitura está envolta em uma prática que abrange a vida familiar e comunitária.
apanhar a Bíblia e ler sem maior cuidado, como se ela tivesse o dom de tornar
as pessoas mais religiosas e por isso melhores só colabora para a
psicopatologia das igrejas fúteis e charlatanescas. isso tudo me ocorreu depois
de ler sobre um pastor deputado, dos quais há muitos no País, defender a
leitura da Bíblia na escola. embora eu mesmo leia desde menino o livro, sou
contra a ideia a não ser que ela se amplie para abranger o ensino religioso em
sua riqueza, o que equivale entre outras coisas a formar professores com um conhecimento que dificilmente
se encontra fora de um âmbito universitário sério. ler a Bíblia de outra forma
seria uma terrível lavagem cerebral que não formaria pessoas melhores ou menos ignorantes.
Igor Zanoni
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