Este volume
continua o diário de Carolina Maria de Jesus, quando se mudou em 1960 para
Osasco, a fim de morar em um porão cedido por um empresário. Osasco era um subdistrito
de São Paulo, com poucos recursos, o que fez com que a autora participasse de
um movimento para tornar Osasco um município. Entretanto, ela gostou da nova
morada, por possuir luz e água, ser silenciosa e não haver o calão que se ouvia
na favela. Carolina ficou bastante conhecida com “Quarto de Despejo”, recebeu
muitas homenagens em diversas partes do país, e foi entrevistada ou ganhou
muitas reportagens em jornais e revistas, inclusive na Time e na Life
americanas. Quem a conduziu por esse novo percurso foi especialmente o
jornalista Audálio Dantas. Carolina conheceu personalidades influentes, como
Leonel Brizola, Miguel Arraes e outras. Ganhou dinheiro também, pois seu primeiro
livro recebeu várias edições. Todavia, ela enfrenta seus problemas cotidianos,
como cuidar de filhos adolescentes difíceis e de sua casa. Ela detalha suas
ações domésticas com precisão, como ir ao mercado ou fazer o trabalho da casa.
Carolina não é uma militante antirracista, é até bastante moderada, mas seu
foco principal são as duras condições de vida dos pobres e o alto custo de
vida. A fome é ainda seu tema essencial como em Quarto de Despejo, embora ela
mesma já não conhecesse a fome. O livro foi publicado em primeira edição em
1961, e ganhou nova edição da Companhia das Letras em 2021.
Igor Zanoni
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