quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

"Uma tristeza infinita", de Antônio Xerxenesky


Ao contrário de outras obras brasileiras contemporâneas, esta não trabalha com temas como o racismo, o feminismo, a questão indígena e outras. Seu tema é a melancolia. Seu personagem principal é um jovem psicanalista que, após a II Guerra, trabalha em uma pequena clínica no interior da Suíça. Ele é judeu, mas sua mãe trocou seu sobrenome para não ser visado pelo nazismo na cidade de Vichy onde morava. Na Suiça, ele atende casos em especial de esquizofrenia, como o de Emil, que julga ver Satã, mas também de depressão, como o de Lee, um americano traumatizado pela guerra contra os japoneses. Ele testa todo o tempo a eficácia da cura pela palavra em uma época em que a indústria de fármacos era incipiente. No início dos anos 50 surge a carbamazepina, para a esquizofrenia, e com ela o médico consegue ajudar Emil, que tem alta da clínica, mas não Lee, pois os antidepressivos ainda não existiam, que se mata em um momento de angústia. O próprio médico vive um quadro depressivo, e testa em si a carbamazepina sem muito sucesso. Ele tem uma esposa que é jornalista em um centro de pesquisas em física, o que dá origem a diversos diálogos sobre a física moderna, religião e a depressão. Quando Lee se mata, em parte por desatenção do médico, este tira férias e vai para Genebra tentar pensar sobre si e como lidar com sua melancolia. Antônio Xerxenesky é gaúcho, nasceu em 1984, e seu livro foi premiado com o Prêmio São Paulo de Literatura.  

 

                                                              Igor zanoni 

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