O livro foi
publicado pela primeira vez em São Paulo em 1960, e reproduz cinco anos de
diário de Carolina Maria de Jesus, uma mulher negra e muito pobre nascida em
1914 em Mina e que veio morar na favela do Canindé em 1947, favela que foi nos
anos 60 derrubada para a construção da marginal do Tietê. Embora tenha feito
apenas os dois primeiros anos do curso primário, Carolina gostava de ler e sua
redação era muito boa, descontados alguns erros gramaticais. Em 1955 começa a
escrever o seu diário, que retrata o cotidiano da favela e a vida da autora. No
diário ela retrata a favela como o quarto de despejo da cidade. Suas inúmeras
observações falam de problema que encontra ali, como a disseminação do
alcoolismo entre os moradores, o assédio a que são submetidas crianças, brigas
na favela, seu desprezo pelos políticos de plantão por não cuidarem do preço
dos alimentos e da vida dos mais pobres, entre outros. Carolina tem três
filhos, que recebem um parco auxílio de seus pais, e precisa encontrar dinheiro
cotidianamente para enfrentar seu maior problema, a fome. Ela trabalha diariamente
como catadora de papel, metais e estopa, nem sempre obtendo o necessário para o
alimento de cada dia. Muitas vezes pensa em suicídio devido a sua precária
condição. Noutras, quando é sábado ou véspera de feriado, se desespera porque
deve trabalhar em dobro para o sustento de dois dias. Carolina encontra homens
que a amam, e o jornalista Audálio Dantas ajuda a publicar seu diário pela
Francisco Alves, depois de uma reportagem de O Cruzeiro sobre a vida na favela
e sobre o diário de Carolina. O livro é muito atual, mostrando a fome como o
problema número um na vida dos mais pobres. Posteriormente Carolina consegue se
mudar para uma casa de alvenaria em Osasco. Falece em 1977 aos 62 anos.
Igor Zanoni
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