“Três camadas de
noite” (São Paulo, Fósforo, 2024) de Vanessa Bárbara trabalha em primeiro lugar
com a questão da maternidade. A narradora fala de seu relacionamento com seu
filho Heitor desde seu nascimento até os primeiros anos. O menino é uma criança
inteligente e ativa, que todo o tempo testa as habilidades do ser mãe. Embora o
pai Leandro esteja presente no livro, ele é uma personagem secundária, enquanto
a mãe é totalmente absorvida em seu afã precisamente de ser mãe. Ela tem uma
depressão pós-parto, o que torna a relação com Heitor mais complexa, e essa
depressão dura os anos que o livro cobre, fazendo com que a narradora tenha
todo o tempo de reinventar sua vida. A narradora faz um contraponto com histórias
de depressão de autores famosos como Sylvia Platt, Clarice Lispector, os irmãos
William, Henry e Alice James e Kafka, indicando quanto a depressão pode ser dramática
e minar os fundamentos de uma vida mais serena. Ao mesmo tempo, a narradora é
escritora de um livro sobre mitologia grega, o que se constitui em um segundo
contraponto, quando as estórias e as histórias que ela e o filho vivem se tornam
uma complexa trama comum. O livro é bastante interessante por tratar de um
tema, a maternidade, pouco explorado, e é muito bem escrito. A autora nasceu em
1982, em São Paulo, é ficcionista e jornalista.
Igor Zanoni
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