domingo, 2 de fevereiro de 2025

Carolina maria de Jesus, Casa de Alvenaria, volume dois, Santana.


Este é o segundo volume de “Casa de Alvenaria”, publicado em 2021 pela Companhia das Letras. Reúne diários escritos entre dezembro de 1960 e dezembro de 1963. A casa foi comprada em 1960 no bairro de Santana por intermédio de Audálio Dantas.  Na verdade, a casa já estava alugada e passou um bom tempo para a autora poder apropriar-se completamente dela. Além disso a casa tinha pulgas e baratas e isto demandou um grande trabalho de Carolina. Ela reclama muito da casa. Com o dinheiro, pouco, que lhe vem de direitos autorais de “Quarto de Despejo”, Carolina passa a ser vista como rica pelos vizinhos e conhecidos, e muitos lhe pedem incessantemente dinheiro emprestado. Em compensação, o livro tem grande tiragem em 1960, sendo traduzido para vários idiomas e publicado em mais de 40 países. A autora faz um grande tour de divulgação do livro, visitando o interior de São Paulo, Porto Alegre, Recife, Argentina, Uruguai e Chile. Ela também lança pela Fermata um disco com suas composições musicais e é sempre convidada a declamar seus poemas. Também conhece pessoas ilustres, como Brizola, Adhemar de Barros e Jânio Quadros. Seu político favorito será sempre Adhemar. Ela permanece focada no problema do custo de vida e da fome do pobre no Brasil. Os funcionários públicos com parcos reajustes e a inflação crescente a indispõem com Juscelino, Jânio e João Goulart. Ela pensa que os trabalhadores rurais são espoliados pelos proprietários e vêm tentar a vida em São Paulo, mas ali encontra um custo de vida alto que os obriga muitas vezes a viverem sem emprego e na favela. Em 1963 Carolina compra um sítio em Parelheiros, para poder plantar e fugir da alta dos preços dos alimentos. Encontra-se com poucos recursos e revive uma vida quase tão pobre quanto sua vida anterior à casa de alvenaria.

 

                                                                    Igor Zanoni 

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