Este é o segundo
volume de “Casa de Alvenaria”, publicado em 2021 pela Companhia das Letras. Reúne
diários escritos entre dezembro de 1960 e dezembro de 1963. A casa foi comprada
em 1960 no bairro de Santana por intermédio de Audálio Dantas. Na verdade, a casa já estava alugada e passou um
bom tempo para a autora poder apropriar-se completamente dela. Além disso a
casa tinha pulgas e baratas e isto demandou um grande trabalho de Carolina. Ela
reclama muito da casa. Com o dinheiro, pouco, que lhe vem de direitos autorais
de “Quarto de Despejo”, Carolina passa a ser vista como rica pelos vizinhos e
conhecidos, e muitos lhe pedem incessantemente dinheiro emprestado. Em compensação,
o livro tem grande tiragem em 1960, sendo traduzido para vários idiomas e
publicado em mais de 40 países. A autora faz um grande tour de divulgação do
livro, visitando o interior de São Paulo, Porto Alegre, Recife, Argentina,
Uruguai e Chile. Ela também lança pela Fermata um disco com suas composições
musicais e é sempre convidada a declamar seus poemas. Também conhece pessoas
ilustres, como Brizola, Adhemar de Barros e Jânio Quadros. Seu político
favorito será sempre Adhemar. Ela permanece focada no problema do custo de vida
e da fome do pobre no Brasil. Os funcionários públicos com parcos reajustes e a
inflação crescente a indispõem com Juscelino, Jânio e João Goulart. Ela pensa
que os trabalhadores rurais são espoliados pelos proprietários e vêm tentar a
vida em São Paulo, mas ali encontra um custo de vida alto que os obriga muitas
vezes a viverem sem emprego e na favela. Em 1963 Carolina compra um sítio em
Parelheiros, para poder plantar e fugir da alta dos preços dos alimentos.
Encontra-se com poucos recursos e revive uma vida quase tão pobre quanto sua
vida anterior à casa de alvenaria.
Igor Zanoni
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