Este volume reúne dois textos de Óssip Mandelstam, o primeiro publicado em 1925 e o segundo em 1933. A publicação brasileira é da editora 34, ano 2000. Mandelstam foi poeta, mas esses dois textos estão escritos como prosa, ainda que uma prosa eivada de evocações poéticas, um memorial do panorama cultural da Rússia de sua juventude e adolescência. O livro recebe pouca atenção, e é republicado em 1928, sob crítica difamatória na imprensa oficial soviética. Em 1930 o poeta recebe de Bukhárin o encargo de partir para a Armênia em caráter oficial, a fim de que escrevesse um relatório sobre a jovem república irmã que vinha recebendo muita atenção das autoridades soviéticas. O relato resultante é bastante livre e poético, e como tal é atacado pelos meios oficiais. Ainda em 1933 Mandelstam escreve um poema satírico sobre Stálin, motivo pelo qual é preso e banido de Petersburgo. Pouco mais tarde, em 1938, o poeta é preso novamente no Grande Expurgo e condenado a cinco anos de trabalhos forçados, mas a caminho de um campo de prisioneiros na Sibéria morre de um ataque cardíaco. A poesia de Mandelstam se liga ao movimento acmeísta que sucede ao simbolismo, é bastante rica em alusões e marcada pela oralidade russa, auscultando a vida, a literatura e a história de seu país. Não são livros fáceis para um leigo em literatura russa.
Igor Zanoni
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