Quando eu era
menino, papai sempre me deu uma pequena mesada. Nós morávamos em São Luís de
Cáceres, cidade pequenina com duas ou três ruas asfaltadas, onde meu pai servia
o Exército. Com meu dinheiro eu comprava doces, no recreio da escola, e um refrigerante
estranho, sem gás, que um frei franciscano, de longa barba e batina cinza, meio
perdido entre os muitos freis jesuítas holandeses, barbeados e de cabelo rente,
com longas túnicas brancas impolutas, fazia não sei a partir de quê. Além
disso, eu ia à Coletoria Federal, onde se vendiam selos para documentos,
comprar livros de aventuras que aumentavam a renda da repartição. Comprei ao
longo dos anos que vivemos lá muitos livros, a Coleção Os Audazes da Editora
Vecchi quase inteira. Eu guardava os livros em um grande baú de papelão grosso,
mas infelizmente em um dia de muita chuva o telhado cedeu e perdi meu baú e
meus livros. Sobraram uns dois, A Guerra dos Cem Anos e Robin Hood, que ainda tenho
nas minhas curitibanas estantes. Foi uma pena, fiquei arrasado.
Igor Zanoni
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