domingo, 9 de fevereiro de 2025

Chuva


Quando eu era menino, papai sempre me deu uma pequena mesada. Nós morávamos em São Luís de Cáceres, cidade pequenina com duas ou três ruas asfaltadas, onde meu pai servia o Exército. Com meu dinheiro eu comprava doces, no recreio da escola, e um refrigerante estranho, sem gás, que um frei franciscano, de longa barba e batina cinza, meio perdido entre os muitos freis jesuítas holandeses, barbeados e de cabelo rente, com longas túnicas brancas impolutas, fazia não sei a partir de quê. Além disso, eu ia à Coletoria Federal, onde se vendiam selos para documentos, comprar livros de aventuras que aumentavam a renda da repartição. Comprei ao longo dos anos que vivemos lá muitos livros, a Coleção Os Audazes da Editora Vecchi quase inteira. Eu guardava os livros em um grande baú de papelão grosso, mas infelizmente em um dia de muita chuva o telhado cedeu e perdi meu baú e meus livros. Sobraram uns dois, A Guerra dos Cem Anos e Robin Hood, que ainda tenho nas minhas curitibanas estantes. Foi uma pena, fiquei arrasado.

 

                                                                      Igor Zanoni 

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