Mesas redondas
quando eu era um jovem
e gostava não sei mais o motivo
de acompanhar mesas redondas sobre futebol
havia o repórter que fazia as notícias
o comentarista esportivo que era mais analítico
e um colunista de fundo que impunha mau humor
e seriedade a esse assunto que não é sério
as mesas redondas eram exaustivas
acabavam de madrugada
cada jogo levava a várias digressões políticas
e morais
discutia-se a FPF, a CBD, o desempenho dos técnicos
juízes e jogadores
mas jamais se criticavam cartolas como Nabi Abi Chedi
isso era tabú
atualmente se faz mais ou menos a mesma coisa
com a diferença que tudo no esporte ou quase tudo
se explica com dinheiro
e ninguém discute isso
eu sequer sei mais por qual time eu torço
por vários times do mesmo clube ao longo do ano
vários jogadores e vários técnicos
o nome do clube é uma logomarca
apenas publicidade
o que importa em um jogo é ganhar
todos os vários campeonatos nos quais se envolvem
para valorizar melhor o capital de milionários russos
ou árabes ou de um fenômeno tão risível e poderoso
quanto Berlusconi
esse é o futebol espetáculo
parente da política espetáculo
e da vida como espetáculo
sempre de pior qualidade
Igor Zanoni
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