duas pessoas podem viver
afastando-se à velocidade de um trem
mas recordam antigas expectativas
sonhos não realizados
o carinho que interrompeu
vez ou outra a fuga
o desejo de retorno
até que definitivo se frustre
rosas atiradas da janela
vestidos que se rasgaram
quartos de hotel onde se refugiaram
até que de novo se acendesse a luta
luzes mortas por todo o corredor
impossível ler o jornal
saber o que se passa com cada uma
o naipe de sopro toca um jazz
íntimo como o coração
mas os sons se confundem
quem disse que champanha não sobe?
não se sabe o que fazer
se há o que fazer e para quê
Igor Zanoni