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escrevo poemas desde adolescente. foi um ofício de difícil aprendizado, tanto quanto tocar piano ou estudar francês, coisas todas do meu tempo. no culto à ciência lia-se muito poesia, muito gonçalves dias, fernando pessoa, poetas dos quais se gosta sem fazer esforço. os professores não se aventuravam muito por drummond, esse poeta duro, nada bonitinho. gostava também de guilherme de almeida, hoje quase esquecido. mas leio pouco poesia e não entendo muito bem. eu escrevo, o que é diferente. este exercício é minha forma de minorar meu sofrimento, é só isso. lapidando pedras de um campo forçado, a minha vida, eu vou.
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há pessoas para as quais tudo é difícil, até se colocarem em campo minado de equívocos, em todas as direções. tudo que elas tocam se transforma em pedra dura, que é preciso trabalhar, ainda que sem vontade. elas tem no rosto a marca de caim, que por amor ao Senhor matou seu irmão. mas não foi punido com a morte, senão a viver até o fim uma vida hostil.
Igor Zanoni
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