segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Arte

a arte é uma essência da vida cotidiana, o mundo é conservado e transformado por razões banais ou críticas que apelam à arte. isto é óbvio em um mundo no qual a arte da propaganda e da venda é crucial, e a própria sociedade e a política precisam ser vistas como espetáculos falseados mas sempre em cena. não temos, ninguém tem, conhecimento pericial da mercadoria que informa nosso dia a dia. se uma pessoa toca um violão em família após o almoço ele sai do seu cotidiano canhestro do trabalho e retorna a si mesmo, mesmo que manipulando quem o ouve ou incitando neles cumplicidade. qual seria a alternativa? ele poderia viver de outra forma? a mesma manipulação acontece se alguém leva a namorada a um espetáculo no teatro ou vai só a uma cinemateca. todos  precisam afirmar alguma coisa que identificam consigo, salvar alguma coisa, há muito a arte não pode ser o espaço para quem está em paz. alguns, raríssimos, fizeram da arte o caminho para a autotransformação e a santidade. John Coltrane, por exemplo, buscou em sua curta vida uma saída de si sem ser depois trazido de volta, usando entre outros recursos um novo jazz incessantemente inventivo e novo. ele mesmo tinha consciência do espaço particular que habitava.


                                                                          Igor Zanoni

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