quando há manifestações
populares, muito reclamam da sua falta de ideologia, de sua inconsistência
política e do “vandalismo” de parcelas desses manifestantes. mas se olharmos o
jornal vemos que há manifestações violentas, muito mais violentas que as que ocorrem
no Brasil. em nosso país a violência delas aliás tem ocorrido muito mais por sua
repressão, num país que não tolera dissensos. o sistema político não oferece confiança,
as elites nunca primaram por padrões éticos e qualquer ideologia senão a busca
de seus interesses. a convivência com os mais atrasados restos de nosso passado
colonial, que promoveram ou avalizaram ativamente o desmonte da nação desde o final
dos anos oitenta, é condição de manutenção e conquista do poder, mas que poder?
qual o padrão ético e a ideologia desse poder? entre os manifestantes há uma
heterogeneidade de visões sobre a política, de católicos, sindicalistas,
estudantes que não escolheram ainda seu modo de vida mas sentem bem o que não
convém e anarquistas que quebram carros de polícia e agências bancárias, entre
outros. parece que em lugar nenhum do mundo as coisas estão quietas e população
disposta a manter o difícil tempo de hoje, além de ter forte desconfiança do
futuro. é preciso lembrar que quando camadas do povo se expressam, podem fazê-lo
com escassa ideologia e com todos os seus preconceitos, mas também sabendo de
sua própria vida e de sua dor. antes de condenar qualquer desses grupos, o
exame do que ocorre deve ser menos apressado, inclusive por que em todo mundo
parece que democracias se tornam mais cedo ou tarde ditaduras.
Igor Zanoni
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