ele se apresentava
em cidades maiores atravessando uma avenida em um cabo de aço ligado no alto de
dois prédios. eu ia a circos, já havia visto artistas atravessarem um espaço menor e mais baixo, mas quase igualmente
perigoso, equilibrando-se em uma corda. não sei agora se ele usava mesmo um
cabo de aço ou uma corda, mas era preciso olhar bem para cima quando o homem passou
sobre nós no alto da Francisco Glicério, em Campinas. isso era muito diferente
de um circo, e eu segurei a mão de meu pai. vi na televisão alguém fazendo o
mesmo entre dois prédios altos, parece-me que em Nova Yorque, e recordei o que
havia visto. agora não sei se confundi as lembranças. soube mais tarde que esse
homem havia morrido em uma de suas apresentações, já não lembro se o homem de Campinas
ou o Nova Yorque. mas talvez nenhum dos dois tenha morrido, nem se apresentado
tantas vezes, pois era muito ousadia. posso também ter pensado que ele morrera
por assistir depois um filme sobre Houdini e o que havia acontecido em sua trágica
última apresentação. não posso dar a você certeza de nada que aconteceu, se aconteceu
mesmo, em uma tarde em Campinas. mas fiquei muito emocionado com isso, meu
coração ficou pequenininho.
Igor Zanoni
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