ao despedir-me da
adolescência, os livros de Albert Camus me atraíram por mostrarem um mundo
hostil diante do qual eram possíveis e necessárias nossa liberdade e nossa solidariedade.
muitos o criticaram por recusar o comunismo e ser contra a independência da
Argélia, mas eram tempos do stalinismo e ele se sentia tão francês quanto
argelino. apreciava o sol e as praias do Mediterrâneo e era um rapaz charmoso.
vi no Clube de Ciências de Campinas fotos do acidente de carro em que morreu, e
lamentei terrivelmente o acidente. além de ler todos os seus livros, comprei um
com fotos suas, quase sempre de capa de gabardine e com um Gauloise no canto da
boca. Paulo Ottoni comentou vendo o livro: “consumo do existencialismo e
existencialismo do consumo”. isto me irritou muito, pois Camus era um homem
como eu queria ser, um dos meus modelos prediletos. quando entrei na Usp um
professor disse que Camus não poderia ser considerado filósofo, ao contrário de
Sartre, que aliás eu não entendia e de cujos romances não gostava. logo deixei
o curso e fui viver meus próprios dias e meus próprios trabalhos.
Igor Zanoni
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