a arte culinária de mamãe melhorou muito na Igreja
Adventista. aprendeu a fazer uma cerveja caseira muito boa, com as longas
hastes do lúpulo e malte. eu ajudava como sempre, colocando tampinhas nas
garrafas com um instrumento que papai havia comprado. as garrafa eram colocadas
em posição horizontal em uma prateleira e ali fermentavam. mas a fermentação
acho que se dava meio sem controle, e muitas garrafas estouravam enchendo minha
noite de novos sons. nada como uma boa mãe mestre cervejeira. mas ela aprendeu
também, para as muitas festas caseiras da época, a fazer balas de coco, das que
se usavam em aniversários embrulhadas em papel de seda com franjas, azul ou
rosa. é difícil fazer balas de coco. é preciso dar uma certa consistência à
calda de açúcar e coco ralado puxando-a de um lado a outro da cozinha, dobrando
e voltando a puxar até poder ser cortada. as balas quentes eram um caramelo
pastoso muito bom, depois esfriavam se tornando balas que dissolviam na língua.
embora minha mãe brigasse para eu não mexer nas balas, era muito bom entrar em
silêncio de noite e comê-las ainda na sua etapa de caramelo, o que infelizmente
não consegui fazer tantas vezes quanto queria. mas não foi uma derrota total.
Igor Zanoni
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