No Bairro Alto, próximo ao terminal de ônibus, há um
conjunto de pequenos sobrados uniformes nos quais, na parte de baixo, funciona
um pequeníssimo negócio e na parte de cima mora seu dono, que aluga o conjunto
com possibilidade de adquiri-lo. Há vários destes, não muitos, em Curitiba,
inventados salvo engano pelo político anacronicamente criativo Rafael Greca,
que também difundiu novas mal cuidadas artes, criando privilégios diversos, mas
destacando alguns bons artistas, como foi o caso de Poty, já célebre mas que então se tornou um
muralista semioficial. No centrinho comercial de minha rua funciona um liceu de
ofício com cursos básicos de informática, empreendedorismo, culinária e outros,
não sei se muito frequentados. Ao seu lado há uma espelunca, como diriam os
antigos romances, nos quais os motoristas de táxi tomam lanches e vão ao
banheiro e à tardinha os sedentos de uma cerveja se dessedentam. Também há um
chaveiro, uma cabeleireira, uma costureira e algumas lojas de roupa e uma
quitanda tocada por dois jovens. Comércio simples que exponencia a simplicidade
do comércio do bairro, mas de clientela suficiente. A loja mais curiosa é de um
homem já com alguma idade que compra coisas velhas, como rádios, bonecas
Barbies, carrinhos, garrafas, vitrolas, Lp’s, moedores de carne e outras
miudezas maltratadas e malqueridas. Ele recebe uma pequena pensão do INSS e a
loja rende muito pouco, mas lhe dá alguma coisa que fazer e alguns amigos para
conversar de forma amena no pequeno jardim defronte. É o antiquário do bairro.
A loja ostenta na entrada uma placa entalhada de madeira com seu título, mais
do que seu nome: A Antiga Corte. doce Curitiba.
Igor Zanoni
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