nos mínimos espaços entre os sobradinhos geminados e
empilhados os moradores plantam hortênsias, dálias, rosas e muitas folhagens,
também gramas que nascem em tufos, verdinhas, de floricultura, regadas com uma
mangueira para relaxar no sábado. copos de leite lançam seu licor despudorados,
e florezinhas amarelas, brancas, roxas, voltam-se todas para onde o sol é mais
intenso no dia claro. não há quem não tenha uma saudade ancestral dos velhos
sítios e fazendas de onde vieram, ou seus pais, ou de cidades como Toledo,
Ponta Grossa, Pato Branco, Ortigueira, Ivaiporã, Adrianópolis, Umuarama,
Porteira Grande, Porecatu, Contenda, sabe-se lá. mesmo deslocados, todos
encenam a nostalgia da vida entre abelhas e os passarinhos que vêm comer as
sementes que podem cair no bico. paz um pouco tensa de bairro e subúrbio, Tom
vigiando Jerry e Jerry vigiando Tom, enquanto se pensa em talvez quem sabe
comprar um apartamento em Shangri-lá ou
melhor uma chácara em Colombo, Campo Largo ou Quatro Barras, para criar
galinhas ou até um porquinho, um carneiro está mais na moda e é mais rentável.
os sonhos se impõem como as lembranças e juntos fecham seu anel como o anel
escondido, muito tempo antes, nos sorvetes de endurecida maria-mole.
Igor Zanoni
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