domingo, 24 de janeiro de 2016

Flaubertiana




nos mínimos espaços entre os sobradinhos geminados e empilhados os moradores plantam hortênsias, dálias, rosas e muitas folhagens, também gramas que nascem em tufos, verdinhas, de floricultura, regadas com uma mangueira para relaxar no sábado. copos de leite lançam seu licor despudorados, e florezinhas amarelas, brancas, roxas, voltam-se todas para onde o sol é mais intenso no dia claro. não há quem não tenha uma saudade ancestral dos velhos sítios e fazendas de onde vieram, ou seus pais, ou de cidades como Toledo, Ponta Grossa, Pato Branco, Ortigueira, Ivaiporã, Adrianópolis, Umuarama, Porteira Grande, Porecatu, Contenda, sabe-se lá. mesmo deslocados, todos encenam a nostalgia da vida entre abelhas e os passarinhos que vêm comer as sementes que podem cair no bico. paz um pouco tensa de bairro e subúrbio, Tom vigiando Jerry e Jerry vigiando Tom, enquanto se pensa em talvez quem sabe comprar um apartamento em Shangri-lá  ou melhor uma chácara em Colombo, Campo Largo ou Quatro Barras, para criar galinhas ou até um porquinho, um carneiro está mais na moda e é mais rentável. os sonhos se impõem como as lembranças e juntos fecham seu anel como o anel escondido, muito tempo antes, nos sorvetes de endurecida maria-mole.


                                                               Igor Zanoni

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