Logo no primeiro dos longos parágrafos dos Ensaios que
Michel de Montaigne começou a escrever em sua torre, em 1571, para indagar, em
meio aos duros tempos que a França e a Europa viviam, quem ele era e como seria
sua morte, pode-se ler: “Na verdade, o homem é um sujeito maravilhosamente vão,
diverso e ondulante: é árduo estabelecer sobre ele um julgamento constante e
uniforme.” Recorrendo a momentos semelhantes diante dos quais personagens
históricos conhecidos agiram de modo bastante dessemelhante, Montaigne percebe
como é difícil cumprir o oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”, que
impeliu a vida de Sócrates. Como é tão vário o homem, o ponto de partida dos
Ensaios parece ser a necessidade de esquecer sobre si toda vaidade e toda
ilusão se o desejo consiste em tal cometimento.
Igor Zanoni
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