um dos meus vizinhos gosta de cães de rua e cuida de
vários, alguns dos quais entram no nosso pequeno condomínio e ficam dormindo e
se alimentando em frente ao seu sobrado. um deles chega a guardar mesmo o
sobrado e me ameaçou morder quando fui chamar o dito vizinho para entregar um
envelope deixado pelo carteiro. mas ele
me explicou que preciso me aproximar devagar, brincar antes com o cachorro, aí
a aproximação fica tranquila. há uma tribo grande em Curitiba que cuida de cães
de rua, com apoio modesto da Prefeitura que não quer uma epidemia maior de cães
na cidade, tribo aparentada com muitas outras que deploram de modo prático o
estado lastimável de nossas relações com o cosmo. apesar de reclamações meu
amigo segue em sua amizade com os cães, que estendeu para os pássaros que comem
também a ração deixada para os primeiros. o Danilo da última vez que veio aqui
em casa notou o enorme tamanho dos sabiás comedores dessas rações, eu também já
havia notado, são até um pouco estranhos e numerosos mesmo. o Jaime que mora na
rua de trás ao lado do seu José coloca sempre quirera e sementinhas no murinho
para atrair pássaros menores, há muitos, especialmente uns pequenos, amarelos,
bem mansos. eu comprei dessas sementinhas no aviário da rua de cima e a dona
fez um mix de sua autoria mas eu não achei que funcionou. o meu vizinho disse
que a ração era melhor, colocou um pouco em frente da minha casa em um pote de
plástico e depois recolocou outras duas vezes tal a voracidade dos sabiás.
depois ele chegou a ir até o aviário reclamar com a dona que tinha me vendido
quirera, um alimento para ele sem valor, em vez de ração vitaminada. os tais
passarinhos amarelos comeram a quirera que eu coloco sim, não podem com seus
biquinhos comer a ração, mas agora tudo ficou um pouco confuso porque o condomínio
está mesmo com muitos sabiás enormes passando em voos rasantes. isso é o melhor
que conseguimos de um cotidiano mais natural e menos demasiadamente urbano e
insensível.
Igor Zanoni
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