houve um casamento em um bairro afastado no qual nunca
havia estado, lembro do nome da noiva, do noivo não me lembro. ela era magra,
morena, com uma elegância pobre. circulei a casa que a família estava
construindo, ainda inconclusa, espantei-me que a construção não era muito
geométrica, e paredes se inclinavam como se não possuíssem um fio de prumo e
não fossem mesmo senão pedreiros improvisados. havia um bolo grande com glacê de bordas rosadas e uma
profusão de balas de coco feitas em casa, envolvidas em papel de seda. sentei-me
na varanda pequena, não havia música, todos os convidados eram serenos, próximos,
e conversavam sobre seus planos, todos exequíveis. a tarde era calma e eu me
sentia um jovem que de outra forma fazia também uma entrada na vida. não sei
como eu parava nestes lugares e situações, com certeza por causa de meu pai, que
era um homem sério e respeitado, mais para os de fora de nossa casa que para
nós mesmos, mas eu dava sempre um jeito de sentir, olhar, perceber, conversar
quando possível, com discrição e ainda hoje sinto bem como meu coração batia,
nesta e em muitas outras ocasiões. este sentimento de mim mesmo nunca perdi,
mas era um sentimento nascido dentro de situações que eu olhava ao mesmo tempo com
calma e avidez.
Igor
Zanoni
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