Stálin foi o último Rei-filósofo: escreveu em parcas quarenta
páginas uma suma do materialismo dialético expondo as leis brônzeas do
desenvolvimento da natureza e da história, não sem violência nada filosófica
contra opiniões mais criativas e supostamente perigosas. Mao também tentou
fazer filosofia, mas foi antes um derradeiro confuciano com seu pragmatismo e
suas preocupações com a moral, a arte, a cultura, num esforço de fazer do
socialismo uma pátria para o futuro da China. Foi aliás caracteristicamente asiático:
Tostói vestia roupas camponesas e andava a cavalo sem sela, mas Mao em idade avançada cruzou a nado o Yangtzé, o
que, dizem os historiadores, equivaleria à Rainha da Inglaterra cruzar a nado o
Canal da Mancha. Malraux conta que Mao possuía uma reserva e uma distância
interior, ele foi o Último Confúcio.
Igor Zanoni
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