sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O Último Confúcio




Stálin foi o último Rei-filósofo: escreveu em parcas quarenta páginas uma suma do materialismo dialético expondo as leis brônzeas do desenvolvimento da natureza e da história, não sem violência nada filosófica contra opiniões mais criativas e supostamente perigosas. Mao também tentou fazer filosofia, mas foi antes um derradeiro confuciano com seu pragmatismo e suas preocupações com a moral, a arte, a cultura, num esforço de fazer do socialismo uma pátria para o futuro da China. Foi aliás caracteristicamente asiático: Tostói vestia roupas camponesas e andava a cavalo sem sela, mas Mao  em idade avançada cruzou a nado o Yangtzé, o que, dizem os historiadores, equivaleria à Rainha da Inglaterra cruzar a nado o Canal da Mancha. Malraux conta que Mao possuía uma reserva e uma distância interior, ele foi o Último Confúcio.


                                                               Igor Zanoni

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