não sei precisar a intimidade de seu Guilherme Erren
com meu pai. mas vinha regularmente em casa, com um terno marrom em seu corpo
grande, de extremidades cada vez mais alongadas por uma doença cujo nome
esqueci. não parecia amigo nem inimigo, acho que nisto era singular. sua identidade
foi revelada quando, muito mais tarde, meu pai desabafou dizendo que finalmente
tinha quitado a hipoteca da nossa casa no Castelo. depois meu pai mesmo quis
comprar terrenos próximos para construir casas e revendê-las, insistiu até que
eu me formasse um dia engenheiro, que me parecia a profissão mais remota possível.
mas esses sonhos não deram certo, meu pai se tornou um dentista bem criativo,
eu aprendi a auxiliá-lo fazendo próteses em uma pequena oficina colada ao
consultório, seu Guilherme Erren um dia morreu e me ocorre agora que vivemos
historinhas intrigantes mas que assim contadas se vê que não têm nada de mais.
Igor Zanoni
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