terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Zé Pião


um grande quintal próximo à casa que meu pai comprou em 1957 deve ter sido uma área que pertencia a sítios loteados para residências. Zé Pião, sua mulher e um filho adolescente com o qual nunca conversei, morava em uma casa branca no fundo deste quintal. possuía dois cavalos, um branco que só ele montava e um marrom, manso, no qual andei muitas vezes. também criava algumas cabras e galinhas, além de cultivar uma horta. como sempre, nem me lembro como, andava por toda parte, fui muito ali comprar leite e ovos, e meu pai encomendava às vezes uma perna de cabrito, que eu aliás apreciava porque meu pai era bom cozinheiro. Zé Pião falava pouco, ninguém na família falava muito, com certeza porque estavam em um meio termo, no seu mundo que findava e no meu que mal começava. ele passava trotando na rua professor Jorge Henning´s, com um chapéu de couro e uma varinha para atiçar o cavalo, no que me pareceu uma peculiar solidão. logo o quintal foi vendido e nunca mais vi ninguém dali, sumiram todos por este mundo grande sem porteira.



                                                           Igor Zanoni

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