segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Medo

 
Uma dessas noites de sexta feira, depois das aulas,  passei na Praça Santos Andrade diante do Teatro Guaíra. O trecho em frente ao teatro estava fechado, havia atores vestidos de palhaços e mímicos, uma banda tocava uma musica brechtiana entre jazz e circo,  pessoas se juntavam ,jovens brincavam de bola e outros chegavam para curtir a noite. Era uma versão curitibana da Virada Cultural que houve em Sampa, mais comportada mas prestes a se tornar qualquer coisa. Hesitei entre ficar ali e sir logo. Eu, tímido, intimidado pelos desvarios do hoje, não pude deixar de me sentir como o Lobo da Estepe, maduro e enlouquecido achando seu teatro mágico. Depois achei que não valia a pena passar a noite gelada para ver o que acontecia comigo. Conformei-me em ser em Curitiba esquivo e pensativo, quase sem lugar para mais. Tive também medo, pois estava sozinho. Nós envelhecemos e nossa alma conosco. No alvoroço do trânsito tomei um ônibus.

                                       Igor Zanoni  

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