segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Minha religião



Não sou ateu militante, talvez sequer seja ateu ou irreligioso. Mas penso a religião, como belamente exprimiu Rubem Alves, como o suspiro dos oprimidos, ou diretamente como Marx, como o coração de um mundo sem coração. Vejo nas suas melhores manifestações a religião como a espiritualização do desprazer da existência, ou como o tornar sublime -sublimar- a dor que o mundo nos cobra, pelo menos á maioria das pessoas, e a mim também. Só assim ela se torna um bálsamo, um analgésico potente como o ópio para o povo. É também possível ver a religião em seu lado mais humano, despida dos seus obsessivos rituais, seus paramentos imponentes, sua disciplina de um pai férreo. Lembro-me de uma passagem na qual Madre Teresa de Calcutá socorreu em seus braços um homem caído, muito doente, e este lhe perguntou: - Mas eu sou um intocável! O que a senhora está fazendo? Qual é a sua religião? Ela respondeu: - Minha religião é você. Esse humanismo me toca, e penso que, ao contrário do que dizem, que todas as religiões são boas, nenhuma é boa mesmo, mas uma certa religiosidade faz falta a muitos.

                                       Igor Zanoni

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