quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Chuva


o odor das alturas
que a chuva traz para a terra
o cheiro do mato encharcado
e o silêncio dos cães assustados
o célere relâmpago
e a tardia trovoada
os pingos batendo nas poças
levantando minúsculos chafarizes
lembro de muitas tardes assim
posto à janela
inventando nomes para cada coisa
que acompanhava a chuva
os bois pacientes passavam
em frente à casa
lançando sem pudor
suas bostas circulares
nas quais brincava depois
mas preferia as dos cavalos
com as quais os meninos
brincavam de guerrinha
seu cheiro limpo
de mato compacto
mas há muito mudou o destino
que nos enlaçava
e quase ninguém recordará comigo
as lonjuras que carrego

                                                             Igor Zanoni

Nenhum comentário:

Postar um comentário