Andar sobre o fio da navalha, isto é, sem pender para um
lado ou outro, sem desequilibrar-se por não exercer equidistância e julgar as
pessoas pelo próprio apego. Assim evitar o sofrimento, o próprio e o da comunidade
humana, agindo sem agir, isto é, com uma sabedoria sem objetivos que não evitar
o sofrimento. No livro “O Fio da Navalha”, baseado em acontecimentos e pessoas
com as quais conviveu entre o final dos anos vinte e início dos trinta, Sommerset
Maughan trata de modo pioneiro na literatura européia esta forma de agir encontrada
por um homem que sofre vários conflitos amorosos e a tragédia pessoal de
amigos, ao dirigir-se para a India e lá encontrar orientação e a prática da
meditação graças a um velho rishi. Quando li o livro pela primeira vez, não
entendi muito, talvez porque Maughan parece reduzir a sabedoria a saber
praticar hipnose ou outras superficialidades. Além disso, o livro é muito
colorido pela vida intensa da elite americana e parisiense, e a idéia central
ficou para mim meio perdida. Mas vendo o filme, muito antigo, com Tyrone Power no
papel principal, o enxugamento que o livro sofreu mostrou-me bem do que se
tratava. O filme é muito melhor que essas bobagens como “O Pequeno Buda”e
outros, porque proveio de um grande autor.
Igor Zanoni
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