este título
emprestei do livro de Carlos Heitor Cony sobre suas memórias, entre o real e o
onírico, de seu pai. eu não posso entretanto sonhar com a maestria de Cony para
falar de minhas próprias memórias, não apenas de meu pai, talvez a pessoa mais
importante em minha vida, ou de meu avô Felippe, o homem mais carinhoso e
divertido que conheci. entre outras circunstâncias, vovô era detetive da
Polícia Federal, e se orgulhava de ser um tira federal como Elliot Ness. vestia
invariavelmente um terno cinza e chapéu, com uma elegância dada por sua magreza
e altura. nada nele denunciava um policial, e isso fazia parte de seu ofício.
mas sob a lapela esquerda do terno usava um distintivo escondido reivindicando
sua condição. várias vezes vi acontecer algo enquanto andava com ele, e quando
o caso podia lhe dizer respeito aproximava-se e com severa serenidade,
levantava a lapela esquerda e dizia: Polícia Federal. isso bastava, para mim
bastava muito, era mesmo o máximo.
Igor Zanoni
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