Besouros
Fui com meu filho Mateus á feira de profissões da universidade no domingo e no estande das ciências agrárias vi uma bala caixa de madeira envidraçada com coleópteros, mariposas e diversos insetos, tudo muito bem arranjado e bonito. Fiquei admirando a caixa quando uma aluna solícita me explicou que aqueles animaizinhos eram pragas das plantações, e que havia projetos na faculdade sobre o melhor modo de combatê-las. Acostumado com os praticantes budistas, que não matam nenhum animal, tomando até uma aranha marrom com um pedaço de papel e jogando de volta pacientemente no jardim, perguntei como todos aqueles bichinhos encontrariam um lugar para viver. A menina me explicou que o mundo era cheio deles, e que não fazia mal algum matar uma quantidade deles. Achei a resposta absurda, tanto talvez quanto ela achou absurda a minha pergunta. Em outro estante vi uma caixa grande com coleópteros de diversos tamanhos e cores e me lembrei que Stephen Jay Gould escreveu em algum lugar que se Deus criou mesmo a natureza, deve ter uma predileção por besouros, pois há várias centenas de espécies desses bichinhos. Perguntei à aluna do estande, de Biologia, quantas espécies de besouros havia no mundo, mas ela ficou meio sem graça com a pergunta e respondeu: “sei lá, um monte”. Em minha opinião, se os besouros são bichinhos tão numerosos na terra, qualquer biólogo teria a obrigação de dar uma resposta na ponta da língua. Ou há algo errado comigo ou com os estudantes de hoje, que não sabem responder as perguntas que me são importantes de verdade.
Igor Zanoni
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