sábado, 17 de setembro de 2011

Seiva

Seiva

passo tempo incontável absorvido
em algo que ignoro mas contemplo
mudo quieto religioso
depois se abre em mim um botão
como de violeta sob o tanque
esquecida na umidade
dos sapos e dos musgos
botão de modesto anil
cheirando a sabão
como a empregada que é a única
a se lembrar dessas coisas sem valor
que não se compram
mas vivem na casa como um agregado
e dão à casa seu modo específico  
de definir-se como casa
entre baldes e gatos
e assim conto as estações
no secreto silêncio da seiva

                                                       Igor Zanoni









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