quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Darma


Darma

Muitos amigos espiritualistas explicam as dificuldades de relacionamentos e dramas que o mundo vive pelo grau de evolução dos espíritos encarnados e seu carma, bem como pelo carma coletivo do mundo e as tarefas que a todos cada cumprir. Eu não tenho uma noção clara do que seja um espírito e muito menos sou espiritualista. Acho a explicação atraente pela sua lógica simples, mas mecânica demais, lembrando muito uma dificuldade enorme de compatibilização de tudo o que acontece, como sucedeu com a explicação dos epiciclos de Ptolomeu. Mas como acho importante uma perspectiva religiosa em cada um, respeito meus amigos e me coloco na posição de um reles ignorante. Mesmo assim dou meu palpite. Ele se resume na obviedade de que o mundo está cada vez mais impensável, a ponto de terem surgido correntes de pensamento complexo e filósofos que fazem uma clonagem com genes de Marx, Nietzsche, Heidegger, Freud e outros menos votados. O resultado é atraente, mas não nos leva a quase nada. É ai que queria chegar. Alguns pensam na solução dos problemas do mundo no âmbito da política e se sentem diminuídos por não ter uma atuação política conseqüente e firme. Mas acho que basta ler com alguma solicitude um jornal para perceber que não resta quase nada a fazer. Talvez algo aqui e ali, mas sempre enfrentando poderosos interesses nesse país de mortes esquisitas. Tenho amigos budistas que explicam tudo pelos princípios da mecânica quântica e dizem que se houver uma massa crítica de cinco por cento de pessoas meditando todo dia, o mundo passa a seguir outra lógica, mais clara e capaz de mudar nossa visão e nossa ação. Si non é vero é bem trovato, como dizem os herdeiros de Dante. Eu não tenho uma opinião formada, mas meu palpite, sempre ele, é que é melhor cada um buscar o seu carinho seja como for, e ser tão amoroso como só uma puta velha sabe ser, descontadas as ideologias e os ângulos agudos e obtusos das idéias à procura de uma mente receptiva. Esse é meu darma, minha ação no mundo.

                                 Igor Zanoni


Um comentário:

  1. Apesar de não ser budista o conceito deles é o meu... lembra daquela experiência dos macacos que estão numa ilha e tão logo certo número deles adota um novo procedimento outros macacos em outra ilha igualmente passam a fazê-lo? Então é esse o princípio...

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