Pelo menos desde a concepção, uma pessoa está ligada a uma sociedade e a um Estado. Ainda que morra ao nascer, receberá um registro civil e um atestado de óbito, sua causa mortis será investigada e passará às estatísticas oficiais, talvez lhe deem um túmulo e uma lápide. Sua morte afetará o que se sabe sobre a medicina e as condições de vida de sua classe e dos serviços públicos de saúde. Haverá despesas a pagar, pela família, e os funcionários entrarão no orçamento da União ou do município. Se essa pessoa viver mais, estará obrigada a se alfabetizar, tomar vacinas, seu peso e sua altura serão acompanhados, será batizada e terá desde cedo certa maneira de ver o mundo. Sua influência sobre sua vida será pequena e dependerá dos pais e irmãos, talvez da avó, que se encarregarão do seu cuidado diário. É importante por isso que os pais tenham emprego e renda adequada, que não maltratem os filhos e sejam prudentes em seus relacionamentos. Isto dependerá da performance da economia de seu país e de sua região, da dívida pública e da honestidade dos políticos, de fatores mais imponderáveis como a segurança no emprego e na renda, bem como na vida. Todos nos pertencemos e tudo em nossa vida dependerá de causas que só controlamos muito pouco.
Igor Zanoni
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