quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Transporte

Transporte

Mesmo com a pequena atenção dada ao transporte público nas metrópoles brasileiras, ele é imprescindível para torná-las habitáveis. Quando ele falta, como em uma greve de motoristas e cobradores, as ruas se congestionam e o trânsito deixa de fluir, ainda mais do que todos os dias. Embora complementar ao transporte privado, o transporte público permite que o primeiro exista e funcione. A importância dada ao automóvel particular tornou as cidades desnecessariamente monstruosas, imensas manchas quentes sem verde, onde a chuva não penetra, e provoca inundações e desabamentos. Não temos sequer uma alternância entre quadras de edifícios e trânsito modernos e quadras onde paisagens antigas, ecológica e culturalmente, sobrevivam. Em Tóquio, por exemplo, há essa alternância, e se conservam quadras com jardins, negócios pequenos tradicionais ou mais novos e edifícios como templos. Quando se vai a uma cidade brasileira com um centro histórico, quando ele é bem preservado, inclusive por razões econômicas, também se observam pequenos negócios, construções antigas e se pode caminhar e encontrar bares e restaurantes noturnos. Um problema é que esses edifícios antigos são mal preservados, quase só guardam de original a fachada, com um oco atrás, e a memória da cidade é um mal cuidado disfarce de preocupação com o lazer e a cultura. Os parcos recursos das prefeituras vão junto com a abertura de frentes para a expansão imobiliária e de vias para automóveis particulares, numa destruição contínua de relações de sociabilidade, memória, história e meio ambiente.  


                                                           Igor Zanoni

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