terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A confiança dos brasileiros


Na semana em que quase duzentas pessoas morreram em Salvador no auge de uma greve da Polícia estadual, o Ipea noticiou um aumento do índice que mede o grau de confiança dos brasileiros. Nesta mesma semana a greve atingiu com menor intensidade o Rio e ameaçava outros estados. Ao mesmo tempo, servidores federais se preparavam para uma paralisação em fevereiro e uma dura negociação de salários e condições de trabalho, bem como sobre mudanças na previdência desses servidores, no início de março no caso de as negociações não caminharem. Estas notícias me fizeram indagar para que serve ou em que sentido é tomado o grau de confiança dos brasileiros. Note-se que estamos em meio a rumores de que a crise europeia e americana ameaça agora mais fortemente a América Latina, e o crescimento previsto do produto no Brasil foi revisto para baixo, enquanto os alimentos aceleravam a inflação de janeiro.  A confiança dos brasileiros é apenas uma medida do seu otimismo em face de aumento de salários e dos postos de trabalho? Mas o desemprego ainda é enorme, o subemprego muito maior, e os salários patinam em patamares de mil reis, pouco mais ou menos, para a maioria das categorias urbanas. O quadro de greves (hoje se iniciou uma greve total dos ônibus na RMCuritiba) é assustador, demonstrando insatisfação com os postos de trabalho. A renda, por outro lado, é um bom índice de confiança ou de otimismo no futuro?Ninguém ouve as notícias sobre o drama climático do hemisfério norte, decorrente do aquecimento global, ou as inundações em Minas e São Paulo, seca no Sul do Brasil, por motivo idêntico? Quais são esses brasileiros pesquisados, tão alvissareiros? Pessoalmente, minha desconfiança só aumenta, com a situação complexa do país e do mundo, e com os índices estranhos que os jornais divulgam.


                                                                    Igor Zanoni

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