sábado, 11 de abril de 2015

Conhecer o que pode ser conhecido


muitos estudantes meus detestam matemática e cálculo, alegando que não servem para entender as ciências humanas ou mesmo a economia. é curioso lembrar que Marx e Schumpeter, que absolutamente não precisavam disso para sua própria visão do capitalismo e sua civilização, estudaram sim cálculo. no caso de Schumpeter, isso talvez tenha ocorrido por pressão dos seus colegas norte-americanos, mas no caso de Marx, algo diferente deve ter acontecido. Marx não gostava de economia, como declarou em carta a Engels após publicar o volume I de O Capital. mas gostava imensamente de ciência e acompanhava o que acontecia na área, como se sabe por suas leituras de Darwin e Lewis Morgan, entre outras. Engels chegou a fazer uma tentativa de indicar que a natureza não seguia uma lógica formal em sua própria história, como se pode ler em Dialética da Natureza. Marx também não pensava, como Hegel, que “todo real é racional”, mas antes que “tudo que existe merece perecer”, tratando-se do modo de produção capitalista e de sua própria racionalidade. em uma discussão gritou que “ a ignorância não ajuda ninguém !” e era o que minha amiga Selma Lamas chamaria provocativamente um “gnosiófilo”: gostava de estudar e conhecer tudo que pudesse estudar e conhecer. Sabia peças e poemas de Shakespeare de cor, e sua frase favorita, não por acaso, era “nada que é humano me é alheio”, dita por Goethe. Marx achava importante e divertido estudar, algo muito natural em um grande doutor alemão, mas que pode ser muito bem imitado qualquer pessoa.


                                                                       Igor Zanoni

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