mesmo os que não possuem um real “sentimento de
solidão” ( Melanie Klein) percebem cedo que viver só pode ser prazeroso,
sensível e inteligível se estão próximos de um número pequeno de pessoas. os contatos
não precisam ser longos e duradouros, mas precisam se reiterar ao menos em um
almoço, um passeio, uma visita, um telefonema. nesses momentos se está aberto
para dizer e ouvir o que for necessário, e a paz e o bem ( Francisco de Assis )
nascem de uma fé semelhante frente a tudo que acontece, fé como entendimento básico
da existência ( Emil Brunner ). sobre isso não há controle, não se pede nem
oferece, não une necessariamente as figuras de uma família, de uma igreja ou de
uma ideologia política, por exemplo. une antes os que vivem em certa relação
cuja gênese não se sabe terminar nem começar por explicar, mesmo que se procure
algo tão desnecessário. esta relação é semelhante a uma primavera cuja luz não
se extingue (Rilke).
Igor Zanoni
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