sábado, 19 de dezembro de 2015

A fé que partilhamos com tão poucos


mesmo os que não possuem um real “sentimento de solidão” ( Melanie Klein) percebem cedo que viver só pode ser prazeroso, sensível e inteligível se estão próximos de um número pequeno de pessoas. os contatos não precisam ser longos e duradouros, mas precisam se reiterar ao menos em um almoço, um passeio, uma visita, um telefonema. nesses momentos se está aberto para dizer e ouvir o que for necessário, e a paz e o bem ( Francisco de Assis ) nascem de uma fé semelhante frente a tudo que acontece, fé como entendimento básico da existência ( Emil Brunner ). sobre isso não há controle, não se pede nem oferece, não une necessariamente as figuras de uma família, de uma igreja ou de uma ideologia política, por exemplo. une antes os que vivem em certa relação cuja gênese não se sabe terminar nem começar por explicar, mesmo que se procure algo tão desnecessário. esta relação é semelhante a uma primavera cuja luz não se extingue (Rilke).



                                                                             Igor Zanoni

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