imagine que tudo que é produzido no país ( ou no mundo
) em dado período, a renda ou produto, e que é composto por uma grande
variedade de bens e serviços e uma também grande variedade de formas de
remuneração, seja comparável a uma grande barra de chocolate. nós sabemos que a
parte maior, e aliás crescente dessa barra, formada diretamente pelo esforço de
trabalhadores de todo tipo e indiretamente pela apropriação de recursos do
Estado, cabe a um número relativamente pequeno de habitantes do globo, que
desejam essa riqueza por motivos próximos à paranoia. se houvesse um modo de
dividir mais igualitariamente tal barra em frações que coubessem a todos
independentemente de sua posição social, a barra poderia na verdade aumentar,
pois haveria mais consumo e investimento assim como mais empregos. mas teríamos
de observar se a produção social ainda manteria suas formas de coação e
exploração sobre as pessoas comuns, se a natureza continuaria a ser destruída
como acontece, especialmente nos últimos séculos, de forma exponencial, se o
lixo que isto promove não envolve doenças, pesticidas, vírus de todo tipo, ruína dos povos tradicionais, material e cultural/existencial, se as guerras
que assistimos no mundo e tão próximas de casa, envolvendo exércitos, indústria
bélica, milícias, traficantes, pobres de muitos tipos, Estados com seus
próprios desígnios tão pouco permeáveis à compreensão comum, continuariam os
mesmos. poderíamos ir em frente, lembrar que o acelerado crescimento chinês,
com todas as suas conquistas sociais, fez o País responsável por um terço da
poluição mundial. poderíamos lembrar também as múltiplas formas de apartheid
social, em especial sobre negros, mulheres, imigrantes, dentre outros segmentos
populacionais. se fizéssemos uma lista maior de como a divisão de uma barra em
frações iguais demonstra uma verdade aritmética que todo garoto sabe, isto é,
que aritmeticamente trata-se do mesmo valor, teríamos de concluir que o
problema não se resolve com números, até porque em uma barra de chocolate há
muita gordura hidrogenada, açúcar, corante, entre outros “ingredientes” e
nenhum ou pouquíssimo chocolate genuíno.
Igor Zanoni
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