quinta-feira, 5 de maio de 2016

Obscuros


há pessoas que me cercam cujo movimento não entendo, não consigo prever nem perceber, assim como não entendo seus chistes e sorrisos, sua gesticulação, suas roupas. encontro todas muitas vezes por semana, com a secura que toda gentileza possui, e me perco sem saber do que podemos tratar a cada encontro, se é preciso tratar de algo ou se é possível. eu disse ao meu amigo que não percebia o que acontecia em uma reunião ou um encontro, que me sentia perdido, ele me respondeu que seria impossível eu ficar atento a pessoas tão obscuras, tentar adivinhá-las. as pessoas obscuras ficam assim em nós, com um sinal de menos, de falta, de incompletude, melhor isso que passar a tentar compreendê-las, sentir raiva ou outra tolice.



                                                                       Igor Zanoni

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