papai gostava de lembrar frutas de sua infância no Rio
e que se encontravam nas ruas e nos terrenos vazios, como a fruta-pão, o abiu,
a ata ou fruta-do-conde, o jamelão e muitas outras que nunca pude ver. também
me lembro com nostalgia dos cajus que margeavam as ruas de Cáceres, ou as
várias espécies de manga, maiores ou menores, com mais ou menos fibras, ou os
coquinhos, também chamados bocaiuvas, todos nas ruas, como uma refeição grátis.
é claro que eu poderia dizer que a imensa uniformização industrial do campo
retirou tanto disso de meus olhos urbanos, mas certamente eu poderia partir e
buscar tudo isso sabe-se lá em que cidadezinha, em que chácara ou quintal. mas
nunca nas ruas, na cidade toda, na infância, na vida que era a infância,
enorme, plena, total, infinita, porque apenas a infância e o que ela recolhe é
assim infinito e assombroso, ao mesmo tempo que sem qualquer pressa, sem nenhum
objetivo como os muitos objetivos banais e brutais que passamos a ter quando
mais velhos.
Igor Zanoni
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