sexta-feira, 27 de maio de 2016

Volúpia



pela janela ouvi um cão distante
um desusado sentimento de paz
cercava os pés
água marinha conchas
barcos secando suas redes
o dia é raro que seja
essa distensão do espírito
da janela o bairro
se movia entre automóveis
pessoas que saem fazendo das suas
ou apenas assam uma carne
senhoras entram em missas
ligam televisores
meu piá saiu de bike
eu graças ao bom Deus
ganhei um tempo para não pensar em nada
caiu do céu
aproveito para não pensar em nada
apenas deixar que corra no corpo
essa serena volúpia
de preguiça
e de ah deixa prá lá


                                                                 Igor Zanoni

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