terça-feira, 5 de abril de 2011

Sem pausa


Sem pausa

quase não tivemos momentos românticos
de pausa e relaxamento
nosso beijo era áspero
nosso abraço doía
havia um enorme comprometimento
com o que havia em volta
estudar trabalhar cuidar das crianças
dos pais
em um dia de folga na grana comprava
um blusa de moleton para nós
ou um novo jeans
lavei quilômetros de fraldas
andei quilômetros cantando o boi da cara preta
entre as cólicas do Gabriel
a ansiedade batia na hora de pagar o aluguel
meu pai foi meu mais fiel inquisidor
as notas na escola meu passaporte
para o futuro e o presente
não bebia comia pouco
lembro um verão grato
pela queda no preço do abacaxi
não sei se nos amamos
fomos fiéis fomos tudo para todos
e afinal a vida nos venceu e desuniu

                           Igor Zanoni

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