Nos tempos do futebol arte e da malandragem dos cartolas interioranos que dominavam como podiam os jogadores e sua própria projeção política, os times eram mantidos quase sem modificações no elenco por muitos anos. Todos sabiam qual era o meio campo do Botafogo de Ribeirão Preto: Bazani e Bazaninho, ou do Juventus da rua Javari: Brida e Brecha, e assim por diante. As partidas valiam dois pontos, um em caso de empate. Os times menores armavam um ferrolho contra os grandes, que passavam apuros no campeonato equilibrado e disputadíssimo em âmbito estadual. O Brasileirão não existia. Aliás,hoje existem muitos Brasileirões, como o da série D que o valente Santa Cruz disputa. Na década de sessenta veio da Ferroviária de Araraquara o centroavante Téia, formar com Terto e Paraná o ataque do São Paulo. Custou trezentos ...não me lembra a unidade monetária. Aquisições assim eram raras. Ouviam-se as partidas no radio de pilha. Como o jogo era difícil, o resultado só ficava definido no final, quando o speaker gritava: ‘Quem ganhou ganhou, quem não ganhou não ganha mais...’
ou ‘E fecham-se as cortinas do espetáculo’. O grande Santos ia a Campinas e apanhava ás vezes uma surra do Guarani, que já deu uma dupla de área à seleção nacional, o escrete canarinho: Nelsinho e Babá. Não eram bons tempos. Mas recordar serve para não se supervalorizar o futebol de hoje. Trocamos Nabi Chedi por Ricardo Teixeira, que ganhou a próxima Copa de Blatter para superfaturar obras, segundo leio, e ficar definitivamente rico. Aliás, a CBF é uma entidade privada. Se fosse pública todos estariam caindo de pau.
Igor Zanoni
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