domingo, 7 de agosto de 2011

Idosos

Idosos

A grande coorte de idosos que o Brasil possui hoje é um acontecimento recente e que ocorre em plano mundial. Para recebê-los foram criadas expressões retirando o preconceito contra “velhos” com termos como terceira idade ou melhor idade. Receberam cuidados de saúde especial pelo SUS, como tratamento contra hipertensão, ginástica, vacinas contra gripe, suas passagens de ônibus se tornaram gratuitas, com assento preferencial, e muitos serviços foram concedidos por menor preço, como a meia no cinema. Ao mesmo tempo a política de salários mínimos corrigidos acima da inflação e a própria extensão dos pensionistas e aposentados do INSS fizeram dos idosos um esteio de grande massa de famílias, num país onde os empregos são instáveis e mal remunerados para a maioria dos trabalhadores e os empregos para jovens são ofertados abaixo da procura. Além disso, os idosos, com garantia do INSS, puderam se endividar através do crédito consignado, manejando importante massa de recursos para a compra de duráveis e utensílios para o lar. É claro que tudo isso deve ser valorizado em termos da realidade brasileira, não se trata de que os problemas dos idosos foram resolvidos como precisam. Nem de que a valorização dos idosos ultrapasse muito a esfera socioeconômica estrito senso. A maior parte deles ainda é pobre, mas se fez melhores políticas contra a pobreza e a miséria. Além disso, padecem doenças ainda não suficientemente remediadas como o mal de Alzheimer e cardiopatias. Além disso, os idosos têm pouco a fazer com seu tempo. A falta de infraestrutura para o lazer nos bairros é flagrante, antigos pontos de reunião, como o bar associado a uma cancha de bocha ou malha, desapareceram. A solução é ir à missa, visitar interminavelmente a família, frequentar novenas ou apenas caminhar um pouco sem rumo, para escapar da televisão ligada em casa o dia todo. Mas alguns idosos conseguem a sabedoria de envelhecer bem, usando os aparelhos de ginástica nos parques, caminhando e mantendo o peso e a pressão nos limites adequados e descendo para a praia nos feriados. E dando graças a Deus por isso. Ontem meu barbeiro, o Clementino Gregório, que incrustou na rua de baixo à da minha casa sua casinha e um salão após as grandes geadas dos setenta, disse que ia visitar parentes em Maringá neste final de semana, mas exorcizou seus medos dizendo: “mas eu não digo que vou, digo que se Deus quiser eu vou porque tudo depende Dele”. Sinal de que a sensação de segurança na vida não é tão alta.

                                                            Igor Zanoni         

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