quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Pânico


Pânico

No meu episódio mais intenso e duradouro de pânico, dois amigos me puseram em um carro e me levaram a consultas com um psiquiatra, que me receitou umas boletas caras e inúteis, e a um psicanalista, com o qual me mantive reservado por muitas semanas. Um dos meus amigos sempre me levava ás consultas, mas depois de um tempo tive de ir só. Foi horrível porque eu ainda não andava de ônibus, o táxi ficava caro e na rua eu me sentia morrer. Essa sensação só passava quando eu chegava ao ponto de táxi. Quando tinha de esperar por um, pode crer que era uma longa espera para mim. Passei a tentar ganhar ânimo para ir ás consultas ligando meia hora antes para o psi: “Não sei se hoje vou conseguir ir ”-“Você sabe que é importante vir”-” Mas você quer que eu vá? ”-” Acho que é importante para você”. E lá ia eu com o coração aos saltos. Hoje não sinto mais essas dificuldades, mas se mantiveram vivas por muitos anos. As pessoas tentavam me encorajar, como se pânico fosse um reles medo. Mas é antes um pavoroso pavor. Há psiquiatras que acreditam que para pânico só há um remédio: 150mg diárias de Anafranil. Pode ser associado a um tranquilizante. A análise dá resultados mais interessantes, porque você deixa de ser assaltado por algo que parece externo e começa a falar sobre suas emoções, a trocar experiências com o psi. Hoje não tenho mais feito análise, mas sei me entender bem melhor. Não um entendimento meramente intelectual, mas anímico. O problema é que isso fica clarto depois de passar por todo o processo, o que muitos não conseguem. Soube de um recluso que tratava os dentes em casa com uma lima. Mas não posso assegurar meu futuro, sempre no fundo me sinto como aquele homem que vem e vai.


                                                          Igor Zanoni


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