Jukebox
ela com certeza se entedia em um sebo no qual os
ratos de livros como eu se enfiam entre as prateleiras perscrutando um universo
secreto. eu mesmo na verdade prefiro hoje olhar as caixas de cd’s, já que não
há quase nenhuma loja de cd’s novos mais em Curitiba, muito menos alguma que
venda os que eu ouço. tenho na mente um roteiro desses sebos com seus preços
médios, estoque, localização, atendimento, etc. também tenho tempo pois como
Sócretes (risos) não preciso de um lugar específico para refletir ou preparar
minhas aulas. aliás, procuro sempre fugir da faculdade e do meu escritório,
para observar as pessoas e fazer contatos, porque é melhor procurar a razão das
pessoas vivas que a de livros sempre
datados, ou pelo menos a relação entre as duas. mas eu me perco na organização
dessas caixas. ainda há pouco procurava um cd do Prince e não achei porque não
estava em “rock” mas em “pop”. isso sempre acontece, daí a importância de
garotas como ela, espertas, dispostas e tranquilas. esta de que falo há muito
chamou minha atenção porque acho que deve se entediar em um emprego desse, fechado
e silencioso. ficaria melhor ao ar livre, sob o sol, no campo, onde as coisas
brotam, amadurecem, colhem-se uvas ou azeitonas. com pessoas assim consigo
fazer aliança. quando quero procurar um certo tipo de música ( descobri não faz
muito tempo artistas maravilhosos como Allen Toussaint e Curtis Mayfield, admito
envergonhado que não os conhecia) peço logo
ajuda a essa moça. é claro que ela também é jovem, bonita, mesmo “louçã”, e eu
um senhor discreto, disposto sempre a conversar um pouco desviando a conversa
de rumos muito banais. assim pelo menos uma vez por semana nos encontramos para
buscar algo de Milt Jackson ou de Thelonious Monk e nos fazemos companhia em
mundo que criamos e que sem grandes explicações compartilhamos com sereno
prazer, mesmo sem entende-lo totalmente.
Igor Zanoni
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