Clementino conhece todos. ontem perguntou se eu sabia
que um amigo, bem idoso, havia ficado doente e como estava indo. esqueci o nome
dele, mas percebi que eu não o via na rua de trás há muito tempo. o seu José,
avô do Mateus, passou bem naquele instante e deu um olá com a mão, sorrindo.
Clementino disse que brincava muito com seu Zé, mas agora não, respeitava o
momento que estava vivendo. ele próprio tem setenta e muitos, mas faz caminhadas,
cuida da comida, cerveja só uma latinha nos domingos. viaja e tem sempre à mão
livros que ensinam alguma coisa, como um massudo de Paulo Coelho, uma coleção
de aforismos que ele leu em uma sentada. o seu Bruno ainda vejo, meio curvado,
com seu cigarro, sempre na calçada, cortando grama ou fazendo outra coisa. todos
gostavam deles lagarteando e se provocando, ou falando outras coisas que não
eram e não são da minha conta. talvez fossem uma curiosidade da vizinhança, supostamente
engraçados, dando à rua uma aparência de cordialidade e simplicidade que ela perdeu.
mas se olharmos os sinais dos tempos, estes homens seguem suas vidas nem como
querem nem como parecíamos esperar, uma roda de amigos aparentemente
inofensivos conversando entre si para nos dar a ilusão de segurança que a vida
não tem, é claro.
Igor Zanoni
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