quarta-feira, 16 de julho de 2014

Rubicão

Rubicão

nos Idos da Copa, em uma sexta feira, eu e Thiago almoçamos no Restaurante São Francisco a convite do Newton, com seu proverbial  talento para cultivar amizades. é verdade que ali nas sextas serve-se um cozido ucraniano de legumes e carnes coberto por folhas de repolho e que havíamos de celebrar algo ainda em honra do livro A Nostalgia do Futuro: Pensamento Original e Políticas Públicas, organizado por Newton Gracia da Silva, Curitiba : editora CRV, 2013 (à venda no site da editora), dois fatos que este talvez jamais esqueça. tivemos de mandar colocar o cozido no micro-ondas porque a carne não estava se desmanchando como deveria, mas todos ficamos felizes. depois o Newton voltou ao seu expediente e eu acompanhei o Thiago à Med-Prev para marcar médico. eu também tinha de passar no consultório do dr. Eduardo Yao para assinar uma guia da Uniodonto, ali perto. aliás, lembro agora ter achado isto estranho, porque nunca havia precisado assinar tal guia. também era igualmente estranho o Thiago estar tão sereno tendo de ir às pressas ao médico. para tomar fôlego paramos na volta em uma feirinha que estava acontecendo na Praça Osório, logo na primeira barraca, de quentão, doce como um canavial. eu estava com uma nota de cinquenta e os dois copinhos custavam cinco reais. a moça da barraquinha, é claro, não tinha troco, mas reviramos nossos bolsos enquanto percebíamos que estávamos, com nossa sede, angariando fundos para uma associação que cuida de cachorros de rua. logo fui falando dos cães da minha própria rua e misturei uma sociologia, quando uma caneca com a foto de um cachorro engraçadinho me chamou a atenção. eu tenho um notável talento para causas perdidas e disse à moça de modo intempestivo e imprudente que era uma pena ela não ter troco para cinquenta, pois a canequinha era bonita. ela respondeu que neste caso havia, sim, troco, porque a canequinha era vinte e cinco reais. feita a transação, ela comentou seu desânimo diante do tamanho do problema que enfrentava, pois ninguém em Curitiba imaginava o número de cachorros de rua. mas eu e o Thiago já tínhamos nesta altura uma certa noção do assunto.


                                                              Igor Zanoni

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